Os fãs de Bob Dylan vibraram com o lançamento de ‘Um Completo Desconhecido’, filme sobre o início da carreira de Bob Dylan, suas relações com Pete Seeger e Joan Baez e os eventos que o levaram ao show do Festival de Newport em 1985, culminando com o rompimento dele com o movimento folk. Tudo bem explicadinho, didático e cronológico. É mais ou menos o que aconteceu, com aquelas famosas adaptações feitas para a história ficar mais simples e fácil de entender. Quase um guia do início da carreira para quem quiser saber como foi esse período de Bob Dylan. Ótima obra de James Mangold, que já havia feito o sensacional ‘Johnny and June’, sobre o romance de Johnny Cash com June Carter.

Para quem quiser se aprofundar no tema tem o documentário ‘No Direction Home’. Dirigido pelo celebrado Martin Scorcese, conta mais ou menos esse período da carreira de Dylan (na prática vai até um ano depois, até um acidente de moto que interrompe a carreira dele). Mas ao invés de ser um filme narrativo é um documentário, com os próprios personagens contando a sua história. ‘Um Completo Desconhecido’ tem ao redor de duas horas e quinze, esse documentário tem um pouco menos de quatro horas. É uma especialização na obra de Dylan.

A pós graduação é ‘I’m not there’, lançado aqui como ‘Não estou aqui’. É uma espécie de diálogo entre os personagens das músicas de Dylan, e sobre a mitologia criada por ele sobre a sua vida. Muito boa, os dylanófilos sérios adoram... mas quem não é muito familiarizado com as músicas e personagens criados por ele é capaz de boiar. 

O bom é notar que os filmes sobre Bob Dylan são bem melhores que os filmes dirigidos ou conduzidos por ele. Nos anos 70 ele lançou ‘Renaldo & Clara’, rodado durante uma turnê por ele mesmo com seus amigos. Vamos dizer que o diretor Bob Dylan é um simpático amador, e sua genialidade como cantor e compositor não se aplica à sua capacidade como diretor de cinema e roteirista. Nem os maiores fãs de Dylan aguentam as quatro horas de Renaldo & Clara, que foi um senhor de um fracasso quando lançado nos cinemas. Com alguma sorte eles vão pulando as cenas ‘dramáticas’ e assistem aos números musicais. O mesmo pode ser dito de ‘Masked and Annonnymous’, aonde Dylan brinca de diretor de cinema, roteirista e ator. Tem um baita de um elenco (John Goodman, Penelope Cruz e mais uns 20 atores conhecidos) em uma comédia sem graça que testa a paciência do espectador. Uma das raras coisas bacanas é que a trilha sonora, com vários cover de Dylan, é muito boa. Pelo menos pra isso serviu. Fica na média de outros músicos que resolveram brincar de serem cineastas e quebraram a cara. Neil Young se meteu a dirigir e quebrou a cara. Jonathan Davis, do Korn, fez a mesma brincadeira e acabou na lista de piores do ano de todas as revistas e sites de cinema.